Uma escola tem sempre muitos cantos, como aqueles que definem as salas retangulares ou quadradas. Também tem muitas arestas, como aquelas das formas angulares das mesas. Mas as relações que se estabelecem entre as pessoas que compõem o time da escola não podem ter cantos nem arestas.
Voltadas para todos os lados porque, embora as funções de cada um sejam bem definidas, as mãos devem se estender, os olhos devem estar sempre alertas para comunicar cada problema localizado ao setor responsável. A atitude de quem diz “isso não é B. O. meu” não condiz com a imagem de time que se pretende implantar em uma instituição educacional. Porque educação é, acima de tudo, ação coletiva; é ensinar a pensar e agir em parceria, a aprender uns com os outros. Esse também deve ser o fundamento a nortear as relações entre todos aqueles que trabalham na escola, que vivem seu dia a dia ali.
Relações de 360º também supõem o envolvimento de todos, porque entre as pessoas que compartilham o espaço escolar não pode haver recantos escusos, secretos, mantidos nas sombras; e nem tampouco arestas pontiagudas nos diálogos. Todos devem se empenhar em trazer os problemas com transparência e se esforçar para buscar as soluções em conjunto. Dessa maneira, todos se envolvem com o processo educacional, porque aprendem a trocar ideias, a debater opiniões, a encontrar o consenso.
É como se, imaginariamente, a escola não tivesse mesmo cantos ou arestas. Como se ela fosse um imenso círculo, uma grande esfera. Uma esfera protegida de ruídos indesejáveis que se intrometem nas falas, chegando, por vezes, a transformá-las no seu oposto. A construção de uma escola que pretende propagar conhecimento e educação deve começar de dentro. Conhecimento é compreender a função do outro e ter liberdade para fazer sugestões; educação é compartilhar opiniões, pensamentos e possíveis soluções para os problemas que aparecerem.